«Ser cirurgião tem o seu quê: talvez seja orgulho ou talvez apenas obstinação, mas um verdadeiro cirurgião nunca admite que precisa de ajuda a não ser que seja absolutamente necessário.
- Quais são os teus outros sintomas?
- Bem, há o tema pai...
... o tema mãe, o tema irmã...
O tema morrer e renascer.
- Tens demasiados temas.
- Não consigo dormir. Não consigo dormir sem sonhar.
- E os ataques de pânico.
- Um. Um ataque de pânico.
- Está bem, mesmo assim.
- O que é que se passa comigo?
- O que posso dizer, é que são graves problemas de abandono.
- É uma porcaria. A psicologia é uma porcaria.
Problemas?
- Quer dizer..., está nos livros. Os livros é que dizem isso não eu.
Os cirurgiões não precisam de pedir ajuda porque são superiores a isso.
Os cirurgiões são destemidos, nem sempre são educados, duros.
Pelo menos, é o que eles querem que pense.
(...)
No fundo, todos querem acreditar que podem ser duros.
Mas ser duro não é só ser forte.
É uma questão de aceitação.
Às vezes temos de nos dar permissão para não sermos duros, uma vez.
Não tens de ser forte todos os minutos, todo o dia.
Não faz mal baixares a tua guarda.
De facto, há momentos em que é a melhor coisa a fazer.
Desde que escolhas esses momentos de forma sensata.»
"Haja o que Houver" - MADREDEUS