«Tenho uma pessoa na cabeça.
É brilhante e capaz.
É capaz de entubar e de fazer craniotomias.
Reanima um paciente sem se passar.
É uma cirúrgiã muito boa.
Talvez excelente, até.
Ela sou eu.
Mas muito melhor.»
___
«Foi um dia bom.
Talvez um excelente dia, até.
Fui uma boa médica.
Mesmo quando foi difícil.
Fui a pessoa que imagino.
Houve uma altura em que pensei não ser capaz. Não consigo fazer isto sozinha.
Mas fechei os olhos e imaginei-me a fazer aquilo.
E consegui.
Eliminei o medo.
E consegui.»
___
«- Foi um excelente dia.
- Contou uma grande treta.
Não foi um bom dia.
O seu paciente morreu sozinho sem dizer ao seu amor o que sentia.
- Mas fez isso pelo namorado.
Acho que foi heróico.
- É uma grande treta.
- Pare com isso.
- Vou descrever as semelhanças.
«- Foi um excelente dia.
- Contou uma grande treta.
Não foi um bom dia.
O seu paciente morreu sozinho sem dizer ao seu amor o que sentia.
- Mas fez isso pelo namorado.
Acho que foi heróico.
- É uma grande treta.
- Pare com isso.
- Vou descrever as semelhanças.
O paciente trágico morre sozinho enquanto o amor da vida dele está na sala ao lado, literalmente.
É a sua situação.
- Quê? Não estou a morrer sozinha.
- Eu acho que está.
Diz a si própria que é uma heroína quando, na realidade, está só.
- Que grande treta.
- Ele está com a Rose.
- Sabe que mais?
Já chega.
- Está com a Rose.
- Porque diz isso?
- Se não viu o que está errado nessa frase, não conseguimos avançar.
Ele está com a Rose.
- Pronto. E depois?
- Se está com ela, não está consigo.
Sabe porque não está consigo?
Tem medo.
- Está a chamar-me cobarde?
- Acho que está muito assustada.
Está a chamar-me cobarde?
- Que acha?»