«Devia ter sido um lindo dia.
As crianças deviam estar a brincar no parque.
Os maridos deviam estar a tratar das suas tarefas.
As mulheres deviam estar a tratar do seu jardim.
Mas às 14h26 daquele dia, um tornado chegou a Wisteria Lane, trazendo com ele uma inacreditável destruição.
Ninguém podia antecipá-lo considerando como o dia começou.»
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«- Também não temos de nos despedir porque vamos ver-te muito em breve.
- E tudo ficará como antes.
Infelizmente, tal não seria o caso.
Em 4 horas, uma destas mulheres perderá um marido e todas elas perderão um amigo.
Mas como poderiam saber isto?
Devia ter sido um lindo dia.»
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«Devia ser um belo dia.
Mas depois chegaram o ventos e mudou tudo.
Não foram apenas as casas e os jardins.
As pessoas também mudaram.
Durante o pico da tempestade, todos aprenderam algo acerca da amizade, do perdão e da salvação.
E alguns aprenderam a lição mais difícil de todas elas, que a vida é sempre frágil e muitas vezes injusta.»
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Não é necessário um tornado destes na nossa vida para algumas coisas mudarem.
É verdade que Portugal não é um país de grandes tempestades. Pelo menos das naturais. É verdade que temos cheias e essas, embora de tempos a tempos, destroem muitas coisas. Algumas vidas e depois tudo aquilo que a elas pode estar ligado. E mesmo assim, a Protecção Civil e outras autoridades realizam alertas.
Depois há as outras tempestades. Aquelas que nos apanham de surpresa. Sem notícias nem avisos. Com as quais não contávamos. E que mudam tudo.
Podem ser pequenas notícias que para nós de grande têm tudo. E tudo fica do avesso. Principalmente cá dentro.
Algumas tempestades vêm para ficar. Acabam realmente por partir, mas a bonança que se segue não é a esperada. Porque já não se pode voltar atrás. Não se pode recuar e fazer de novo. Os passos já foram dados. As acções já foram feitas. Os erros já foram cometidos. A bonança que conhecemos antes poderá nunca mais ser a mesma.
Depois... Depois é necessário respirar fundo e enfrentar o presente. Sabendo que nada era como foi e que o futuro pode ser bem diferente. E é muitas vezes nestas alturas que pedimos ajuda. Porque precisamos dela, nem que seja uma palavra de atenção.
E é aqui que percebemos que pequenos pormenores são mesmo relativos e que não têm importância nenhuma perante a tempestade que acabámos de viver. É verdade que a vida é frágil e muitas vezes injusta. Pode ser aqui que descobrimos quem está connosco. Pode ser aqui que descobrimos a amizade, o perdão ou a salvação.
E a partir deste momento a vida já é diferente. E é assim que temos que viver. Porque nós também já não somos os mesmos.
PS
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