quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

2º EXERCÍCIO - CURSO DE ESCRITA El Corte Inglés

Exercício: Escrever uma Carta de Desamor
Lisboa, 29 de Janeiro de 2008

Deve ser muito estranho para ti receber esta carta. Passaram muitos anos. Muito tempo sem palavras trocadas, sem informações ou preocupações. Porque simplesmente deixámos de existir um para o outro e aquilo que nos unia não tem mais espaço. Para mim morreste há muito tempo.
É verdade que não consigo apagar certas lembranças. Juro que tentei. Talvez seja melhor assim. São momentos felizes. Juntos. Depois está tudo o resto que já conheces mas não sei se te lembras. A pouco e pouco o abismo que se criou entre nós foi colossal.
Depois da separação ainda estivemos alguns anos juntos nas minhas férias de Verão, mas nada era como antes. Nunca te perdoei toda a dor que me causaste e todo o mundo que à minha volta se fechou.
Aquilo que sou é a ti que devo. Só te posso agradecer a sensibilidade que, mesmo assim, deve ser a minha melhor mas pior qualidade. Talvez lhe chame defeito. E é assim, com esses olhos que tenho visto a vida. E não tem sido nada fácil. As marcas que tenho cá dentro não as posso apagar e a determinada altura decidi apagar-te também da minha vida. Esquecer que existias ou pelo menos não pensar em ti. Fingir que não estavas algures, no espaço e dentro de mim. Para minimizar todas as perdas.
Durante todos estes anos não sei com que olhos me viste ou se pensaste sequer em mim. Duvidei sempre dos teus sentimentos para comigo e a certa altura esqueci que eles podiam existir. Porque há coisas que nunca vou compreender e aceitar.
Perdoa e esquece. É o que se costuma dizer. É o que me disseram muitas vezes, pessoas, filmes, livros. É um bom conselho, mas não é muito prático. Quando alguém nos magoa, também queremos magoar. Quando alguém erra connosco, queremos estar certos.
Sem perdão, as velhas contas nunca se acertam e as feridas nunca saram. E o máximo que podemos desejar é que, um dia, tenhamos sorte suficiente para esquecer.
Há coisas que nunca vou ter, outras que nunca vou viver ou sentir. Porque há partes de mim que simplesmente não existem. Não nasceram, não foram criadas nem amadas. E durante muito tempo perguntei ao meu Deus porquê. Porquê eu? Porquê comigo? Será que fui um ser horrível noutra vida passada e tenho agora que pagar por isso? Ele nunca me respondeu, o que originou muitas vezes algumas discussões. Porque não queria encontrar sozinho as respostas. Tinha medo.
No próximo Domingo fazem dois anos que te dei o último beijo. Na testa. Estavas frio. Gelado. Hesitei antes de o fazer. Não sabia como era suposto agir. Confesso que não era a última imagem que queria ter tua. Deitado e imóvel. Coberto com um pano branco. Sem te puderes defender e sem eu poder gritar contigo.
É verdade que te quis bater muitas vezes, tantas que nem sei. Até te deixar imóvel no chão. Mas percebi que nunca irias compreender o porquê da minha ira, porque eras um ser menor. E agora já é tarde demais para ti. É tarde para nós porque nós nunca existimos juntos. Pelo menos como eu desejei.
O beijo que te dei não foi só de despedida. Talvez tenha sido de perdão. Para que pudesses descansar em paz, mas acima de tudo, para que eu pudesse continuar. A rosa branca que te deixei foi a flor que nunca pude receber porque não conhecias o belo.
E ali ficaste sozinho com muitas outras almas. Não sei onde estás agora, mas gostava de acreditar que é de lá que me proteges com toda a tua força. Aquela que nunca senti. Aquela pela qual luto todos os dias.
Não sabes quanto é duro continuar à procura de ti nos homens que se cruzam no meu caminho. E quer acredites ou não, como gostaria de te poder ter dito naquele único momento de despedida, meu querido pai.

29/01/08
NOTA: Dos trabalhos/cartas entregues, o professor fotocopiou 12 cartas e esta foi uma delas.

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Acerca de mim

Lisboa, Portugal
Sol em Gêmeos, Lua em Áries Você nasceu com o Sol em Gêmeos e a Lua em Áries. Sua natureza emocional e suas faculdades intelectuais se complementam, de modo que sua personalidade é bem integrada. Apesar de sua mente versátil e de seu apreço pelas mudanças, você tem idéias muito definidas. Suas ambições se concentram na área intelectual. Você gosta de viajar e conscientemente busca experiências de aprendizagem. Gêmeos lhe confere uma visão muito humanística, além de empatia pela humanidade em geral. Você detesta a violência e não consegue entendê-la. Sua natureza ambígua pode trazer-lhe muitos problemas. Exteriormente, você se mostra entusiástico e impulsivo, dando a impressão de ser alguém que faz questão de fazer as coisas a seu próprio modo. Você não tem medo de mudanças nem de paradoxos, nunca pestanejando em contradizer-se quando sente vontade. Você aparenta ser mais agressivo e entusiástico do que na realidade é. Procure conciliar o lado intelectual de sua individualidade com a natureza mais impulsiva e militante de sua personalidade.

BARCELONA

Uma Cidade com a minha cara!






Fantástico aqui ou em Espanha!




Barcelona, with a population census of 1,593,075 on 1 January 2005, is divided into ten administrative districts, each one with its own district council, which allows a decentralised, local administration, closer to the residents.
The ten city districts are Ciutat Vella, Eixample, Sants-Montjuïc, Les Corts, Sarrià-Sant Gervasi, Gràcia, Horta-Guinardó, Nou Barris, Sant Andreu and Sant Martí.
This division of the city has its roots based on the history of the city.



Uma outra forma de viver a cidade. Acorda Lisboa!


É proibido mas elas andavam lá.




O peso do Mundo.

Ciutat Vella is the old centre of the city and the Eixample is where the city expanded after the city walls were knocked down.The other districts correspond to municipal areas which were around the old city, outside the walls, and which became part of Barcelona during the 19th and 20th centuries.Each district is divided into different wards, each with its own personality and historic traditions.












A Paella do meu descontentamento

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Quando chega o Verão...











Pastorinha, não tenhas medo que esta não salta!

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many streets still bear the name of the craft or trade that was traditionally carried out there, such as Argenteria or Boters…?